terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

OS FILÓSOFOS: PITÁGORAS



OS FILÓSOFOS


Há dois milênios e meio o mundo era um lugar atribulado. Mercadores negociavam por toda a Ásia até o Mediterrâneo e em direção ao Ocidente, direto para a costa da Grã Bretanha. Algumas pessoas nunca saíram da vila onde nasceram; para os que gostavam de viajar, entretanto, as oportunidades eram inúmeras, e junto com as caravanas e os navios de comércio iam também as ideias, movendo-se através das culturas com liberdade estonteante. E foi assim que a tradição dos Mistérios Ocidentais absorveu sabedoria das culturas orientais, transmitida pelos antigos filósofos gregos.




"O caminho para cima é o caminho para baixo"
(Heráclito)




Pitágoras e Seu Povo
O conhecimento dos Mistérios encontrou-se com a Filosofia por meio do trabalho de vários dos mais influentes pensadores da Antiguidade, homens que, pela primeira vez no mundo ocidental, se perguntavam sobre a natureza física do cosmos e a natureza espiritual da alma. Seu trabalho marca o início não só das ciências físicas, como a Biologia, a Física e a Astronomia, como também do estudo da mente e dos processos de pensamento. Eles faziam uso da razão e da lógica para chegar a conclusões, e também se baseavam no conhecimento diretamente intuitivo dos Mistérios: não havia divisão entre esses dois modos de pensamento. Um dos primeiros desses pensadores, Pitágoras, forjou a palavra "filósofo", que significa "aquele que ama a sabedoria".

Aqui precisamos esquecer o sentido moderno de filosofia. No mundo antigo, a palavra possuía um sentido muito mais vasto do que tem hoje em dia, pois se considerava que a sabedoria poderia ser obtida a partir de várias disciplinas esotéricas. Pitágoras e seus colegas filósofos não eram apenas pensadores, mas curadores, magos e xamãs. Eles viviam com base em crenças espirituais, como eremitas ou cercados de devotos, e eram temidos e respeitados. Mesmo Sócrates, que normalmente é apresentado como alguém conduzido pela razão, obedecia ao poder de um espírito guia e, em momentos críticos da vida, encontrou sentido nos Mistérios. A Grécia antiga era um lugar bem mais mágico do que se poderia suspeitar.

Tudo começa com Pitágoras, o primeiro dos gurus históricos ocidentais. Embora pareçamos saber bastante a seu respeito, grande parte do material é lendário, o que não deixa de ser significativo. Ele nasceu na Ilha de Samos, perto do que é hoje se conhece como costa da Turquia, por volta de 580-570 a.C.. Conta-se que fez seus estudos em templos egípcios, e que também visitou os templos de Tiro e Biblos, a mais antiga cidade habitada do mundo. Portanto sua sabedoria era baseada nas mais antigas fontes disponíveis. Pitágoras emigrou para Crotona, ao sul da Itália, onde juntou em torno de si um grupo de seguidores devotados à sabedoria oculta que ele havia aprendido. Os pitagóricos parecem ter sido bastante similares aos órficos; tão similares, na verdade, que escreviam poemas que eles mesmos atribuíam a Orfeu.

Pitágoras e seus discípulos pareciam inspirar, inicialmente, considerável respeito. Os cidadãos de Crotona respondiam bem às sugestões de Pitágoras de que deveriam ter uma vida mais moral, mas esse feliz estado de coisas não durou muito. No fim das contas, armou-se uma trama para Pitágoras e ele teve de fugir para Metaponto, onde morreu já bem idoso. Segundo a lenda ele foi morto por um raio, o que, para os gregos antigos, era considerado uma morte sobrenatural. Mesmo durante a vida, alguns seguidores o consideravam uma encarnação do deus Apolo. Ele era, aparentemente, muito bonito, e sua pele reluzia com brilho dourado; diz-se exatamente o mesmo de Buda.

Assim como faziam voto de silêncio os iniciados dos Mistérios Órficos e de Elêusis, os pitagóricos também cercavam de segredo suas crenças e práticas. Sabemos, entretanto, algumas coisas de seu modo de vida. Talvez o aspecto mais espantoso da sociedade pitagórica fosse o fato de as mulheres serem tratadas em pé de igualdade aos homens; atitude diametralmente oposta à prática predominantemente na Grécia, em que as mulheres não passavam de cidadãs de segunda classe. Conta-se que a própria esposa de Pitágoras, Theano, escreveu de forma vasta sobre a matemática e outros assuntos.

A amizade era tão valorizada que existem histórias sobre pitagóricos que ofereceram a própria vida em troca daquela de seus seguidores. Os pitagóricos eram capazes de se reconhecer e, portanto, ajudar uns aos outros utilizando o pentagrama como sinal secreto. Eles cultuavam e comiam juntos, e ao que parece tinham propriedades em comum. Não comiam carne: a dieta sem carne foi conhecida como "pitagórica" até que a palavra "vegetariano" passou a ser usada no século XIX. Fazia-se uso considerável da música para curas e rituais. À noite, cada pitagórico meditava sobre os eventos do dia e examinava sua consciência, jurando reparar quaisquer faltas ou deveres não cumpridos. A regra geral era seguir um caminho intermediário entre todas as coisas, evitando tanto os excessos quanto o ascetismo. Conta-se que eles se atinham à verdade em todas as situações, ensino que Pitágoras trouxera da Babilônia. Esse modo de vida parece ter sido um método de levar os votos órficos de moralidade um passo adiante, intensificando sua aplicação ao viverem em um grupo separado da sociedade mundana, assim como no caso de um monastério ou de um convento.




Unindo-se ao Círculo Pitagórico
Como era juntar-se aos pitagóricos? Primeiro o aspirante fazia voto de silêncio, o echemythia, válido por três anos. Então, tornava-se membro de um círculo externo de pitagóricos, os ouvintes, ou akousmatikoi. Nesse estágio introdutório, ele recebia ensinamentos básicos de moralidade e uma série de versos enigmáticos e motes sobre os quais deveriam meditar. Entre estes havia a famosa ordem de não comer feijões, à qual foram dadas várias interpretações. Algumas acreditavam que, uma vez que os votos eram contados utilizando-se grãos de feijão, isso era uma referência à abstenção da política partidária. Outra interpretação, talvez mais provável, é que alguns alimentos fossem proibidos por motivos de purificação prévia à realização dos rituais, de forma que a pessoa pudesse ter sonhos proféticos. A prática de se abster de determinados alimentos, como cebola e alho, antes de receber as iniciações ainda ocorre em algumas tradições do Oriente.

Os akousmatikoi eram livres para sair da ordem caso decidissem, e essa talvez seja uma das razões pelas quais o ensinamento que recebiam era transmitido de forma obscura, fazendo pouco sentido para as pessoas de fora. Por exemplo, a frase pitagórica "Quando os ventos soprarem venere o som" é explicada pelo filósofo Neoplatônico Porfírio (305-233 a.C.) como uma exortação à veneração do espírito divino. Se o neófito permanecesse dentro da ordem, poderia prosseguir ao próximo nível, o dos mathematikoi. Nesse ponto, o próprio Pitágoras transmitiria os ensinamentos, desdobrando o sentido da matemática.

E o que Pitágoras ensinava? Ele é, assim como Orfeu, associado à música, baseava no estudo da matemática. Ambos os assuntos são imbuídos de sentidos místicos. De acordo com Pitágoras, a vida teria se originado de rurhmos, ritmo os harmonia. O que subjaz ao universo é um vazio infinito, ou apeiron. Esse vazio misteriosamente penetra o mundo da forma, ou peiron, e ambos se combinam e recombinam em várias proporções para criar as formas de vida. Esse processo é chamado "harmonia", e não é aleatório, pois elementos de existência dissimilar precisam ser unidos em proporção harmoniosa para existirem de forma bem sucedida, ou simplesmente não existirão. O exemplo supremo de harmonia é a precisão perfeita com que as estrelas e planetas se movem nos céus; é a "harmonia das esferas", que Pitágoras alegava ser capaz de escultar.

Todas as formas de vida estão, portanto, conectadas em um estado constante de evolução ou involução a formas mais complexas ou mais simples. o ditado pitagórico que diz "As coisas são número, é a harmonia que as une" expressa esse ensinamento básico. O universo é um todo complexo, uma harmonia vivente na qual o número não é apenas símbolo de quantidade, mas produz verdadeiros organismos vivos por meio da combinação de elementos. A realidade absoluta pode, portanto, ser expressa em termos matemáticos.

Não é possível estudar Pitágoras sem mencionar o famoso teorema dele sobre triângulos retângulos. Nesse contexto, é significativo que o teorema fosse conhecido na Babilônia e na Índia séculos antes de ganhar o nome de Pitágoras, o que aconteceu alguns séculos após sua morte. embora não seja possível saber onde ou quando ele teve contato com o teorema, esse conhecimento certamente atesta sua compreensão da matemática e pode apoiar a tradição segundo a qual ele obteve aprendizado místico na Ásia.

o simbolismo numérico de Pitágorasn incluía alguns diagramas aparentemente simples. o primeiro é a Mônada, um círculo com um ponto no meio. simbolizava o princípio divino uno a partir do qual flui toda a criação. A forma pela qual a criação se desdobra é representada pelo Quaternário, um triângulo equilátero em cujo interior está um ponto no vórtice superior, dois pontos abaixo deste, depois três pontos e, finalmente, quatro pontos. O ponto único da Mônada divide-se em dois, representando uma superfície unidimensional (uma reta ligando dois pontos). Segue-se a isso uma linha de três pontos representando duas dimensões (um imaginário entre três pontos). Por fim, os quatro pontos simbolizam uma figura tridimensional de quatro lados, ou tetraedro. Essa progressão sugere o processo da criação expresso em termos matemáticos. Diz-se que os primeiros quatro números representam a música das esferas, e as razões são as escalas dos intervalos musicais básicos: 1:2 é a oitava, 2:3 é a quinta perfeita e 3:4 é a quarta perfeita. O número de pontos no diagrama é dez, número que representa a completude, uma vez que todos os números acima de dez são combinações dos primeiros nove números.

Há outros modos de interpretar o Quaternário. Na medida em que ele mostra a progressão da vida, da unidade divina até a criação múltipla, contém também a chave do retorno ao Dvino. Os Pitagóricos não fundaram uma ordem simplesmente para praticar um estilo de vida ético: se assim fosse, não haveria necessidade de manter segredo. Eles eram uma ordem religiosa, e tinham como objetivo viver uma vida que expressasse a divindade interior. O Quartenário era talvez seu símbolo mais sagrado, e o julgamento solene era: "Juro por aquele que transmitiu à nossa alma o Quartenário, a raiz perene da fonte da natureza".

A expressão "raiz perene da natureza" nos dá uma indicação do caráter da missão religiosa dos pitagóricos. Eles acreditavam que a vida passava de forma a forma em um constante processo de transmigração. O próprio Ferécides, professor de Pitágoras, era considerado o primeiro a falar da imortalidade da alma e da reencarnação por meio de diferentes formas de vida. De acordo com sua doutrina, a alma nunca morre, mas, vida após vida, toma várias formas assim como a cera toma a forma de qualquer de qualquer selo que nela for impresso. Não é de se espantar, portanto, que os pitagóricos praticassem o vegetarianismo, pois os animais poderiam estar abrigando almas que outrora haviam sido seres humanos. Conta-se que o próprio Pitágoras fora capaz de lembrar-se de suas vidas anteriores e que era capaz de reconhecer, no latido de um cachorro, a alma torturada que outrora fora um ser humano. Um ditado pitagórico era "Tudo muda, mas nunca deixa de existir".

A força propulsora por trás desse fluxo constante de vida é simplesmente a necessidade de causa e efeito. E é nesse ponto que entra a parte ética do estilo de vida pitagórico. Assim como os órficos, os pitagóricos sentiam que a alma deveria ser purificada. Uma pessoa comum sofreria os efeitos das más ações reencarnando num corpo inferior, ao passo que um pitagórico purificado mereceria uma boa reencarnação. Mas esse não era o propósito final: nenhum pitagórico deseja ser enclausurado em uma série infindável de renascimentos: o objetivo era reascender misticamente o Quaternário até chegar à Mônada, onde se alcançaria a união com Deus. Já que toda vida havia surgido da Mônada, ela retinha parte das qualidades divinas e poderia, portanto, reunir-se à fonte. Este é, com efeito, o mesmo raciocínio embutido no mito Órfico sobre a morte de Dionísio. Tal profunda crença ou ou percepção religiosa iria depois reverberar através das eras em vários formatos de misticismo, desde o Gnosticismo até a ordem mágica da Aurora Dourada.




Os Ensinos Pitagóricos
Não é possível saber quais eram as práticas internas do matematikoi, pois eram mantidas estritamente em segredo. porém, somos capazes de especular ser provável que as iniciações e ensinamentos transmitidos aos akousmatikoi serviam de purificação, permitindo-lhes receber ensinamentos mais profundos e meditativos. Sabemos que os pitagóricos possuíam a reputação de serem sábios, e já que os pitagóricos eram as únicas pessoas a tratar as mulheres como iguais, Platão provavelmente se referia a eles ao mencionar os "homens e mulheres sábios".

A música pode ter tido papel essencial nas iniciações e práticas secretas. Pitágoras ensinava que o universo desenvolvera-se e era mantido coeso por causa da harmonia. Conta-se que ele descobriu a escala musical ao pendurar babantes em uma parede, amarrando pesos a eles em intervalos específicos, e depois os dedilhar. Dessa forma, ele descobriu que a harmonia é matemáticamente determinada, verdade que também é expressa no Quartenário. Embora esse relato seja provavelmente apócrifo, sem dúvida sugere o ensinamento que Pitágoras desenvolveu a partir de sua investigação da matemática musical. Assim como Orfeu, supõe-se que ele foi capaz de acalmar tanto seres humanos como animais ao tocar sua lira. É certo que os pitagóricos usavam a música para harmonizar a si mesmos com os acordes e ritmos universais, acalmando as paixões e inspirando-os em sua empreitada espiritual. A dança pode também ter sido usada da mesma forma, assim como a dança rodopiante Sufi.

Ferécides, professor de Pitágoras, era um astrólogo conhecido por escrever bastante sobre o assunto, e é provável que tenha sido ele a transmitir tais conhecimentos a Pitágoras. Como veremos pouco à frente, Platão que em muito se baseou nos ensinamentos pitagóricos, utilizava a Astrologia em sua descrição da criação do universo. Podemos especular que Pitágoras também ensinou seus discípulos a utilizar a Astrologia para se harmonizarem com o cosmos, para "se deixarem levar", como diz a frase mais moderna. O encantador mundo dos pitagóricos era construído sobre harmonia, canções inspiradoras, amizade e igualdade. Embora tivessem aprendido muito com a sabedoria órfica, não parecia haver mitos com mortes e desmembramento envolvidos. Isso não significa que as iniciações não incluíssem elementos assustadores como aqueles de ambos os Mistérios órficos e eleusinos. De fato, parece que as iniciações pitagóricas envolviam a entrada em uma caverna escura, seguidas de dramáticas exposições a luz e som. Em outras palavras, exigia-se que o iniciado passasse pela experiência da morte para renascer, assim como nas primeiras iniciações. A diferença: ele faria parte de uma ordem que oferecia apoio físico e emocional, mas também ensinamentos regulares e graduais. Os pitagóricos foram a primeira comunidade religiosa desse tipo no mundo ocidental, o protótipo de todas as comunidades montadas para os que desejam verdadeiramente devotar-se à vida espiritual.

Essas pessoas pacíficas tiveram impacto inestimável no desenvolvimento da espiritualidade ocidental. É só olhar em volta para perceber traços de sua presença nos lugares mais surpreendentes. Por exemplo: a insígnia heráldica no brasão de um arcebispo incluía um chapéu verde ornado com dois conjuntos de sinetas, cada um formando um Quaternário. É comum ver chapéus sobre os túmulos de arcebispos. Não se sabe se os arcebispos cristãos de nossa época conhecem tal simbolismo, mas, como veremos em um capítulo mais à frente, houve períodos na história em que homens da Igreja vasculhavam com entusiasmo o passado místico pagão para enriquecer seu desenvolvimento espiritual.


sábado, 6 de fevereiro de 2016

RITOS DE INICIAÇÃO PRATICADOS NA GRÉCIA ANTIGA



SABEDORIA OCULTA: SOCIEDADES OCULTISTAS E CONHECIMENTOS ARCANOS ATRAVÉS DOS SÉCULOS
Ruth Clydesdale (Editora Madras, 2011)



Ruth Clydesdale é mestre em estudos de ciências astrológicas. Proferiu palestras e publicou artigos em periódicos, tanto no Reino Unido quanto nos Estados Unidos, sobre aspectos da arte, da religião e da filosofia. Além de dar aulas sobre suas especialidades, também já conduziu visitas guiadas pela National Gallery, em Londres, ressaltando a simbologia cósmica da arte renascentista.

Nesta obra, ela explica que o sentido da palavra "mistério" na atualidade é muito diverso daquele interpretado por nossos ancestrais. Hoje, mistério é considerado um quebra cabeça a ser resolvido, algo que procuramos adivinhar até que consigamos "matar a charada", enquanto, na Antiguidade, era algo com significado muito mais profundo, relacionado ao místico: era uma iniciação nos conhecimentos de outros mundos e de diferentes dimensões. E a pessoa mudava pelo resto de sua vida.

Essa antiga sabedoria revela a verdadeira natureza do que significa ser humano. É um conhecimento que não pode ser contado, apenas vivenciado. Aqueles que participaram dos Mistérios gregos tinham de fazer um juramento de silêncio e, desde então, seu conhecimento ainda permanece oculto à humanidade. Mesmo assim, através das eras, um bom número de indivíduos recriou de várias formas a experiência do Mistério, de modo que hoje somos capazes de descrevê-lo.

Por meio desta leitura, você será levado a diferentes culturas dos últimos dois milênios e meio. A obra fornece diversos pontos de vista pelos quais é possível encarar os Mistérios e a Sabedoria Oculta da Antiguidade.

Através do curso de História, poucos buscaram adquirir um conhecimento profundo dos outros mundos e de diferentes dimensões. Sabedoria Oculta explora, de forma estimulante, as ideias dos iniciados nesse reino mágico de conhecimentos ocultos. Traça o desenvolvimento da tradição ocidental dos mistérios no decorrer dos séculos até a nossa época, explicando a corrente secreta de conhecimento que deu forma à nossa civilização e continua a influenciar nossa cultura de diversos modos.

Nessa jornada pelo mundo arcano, você irá se deparar com os seguintes temas: o propósito da humanidade como foi revelado pelos filósofos gregos; as sofisticadas técnicas persas de alquimia, astrologia e magia; o papel do místico-erudito Marsilio Ficino nos primórdios da Renascença; a forma como a "magia erudita" informou as percepções de cientistas famosos e inventores, incluindo Pitágoras, Paracelso, Galileu, Copérnico e Newton; a expressão dos Mistérios por meio da arte e da literatura, de Shakespeare a Dante, por meio de Milton e Lake até Yates e Kandinsky; a verdadeira inspiração de sociedades ocultas como a Maçonaria, a Rosa-Cruz e a Teosofia.

Esta é uma leitura que lhe permitirá se tornar parte da corrente dourada formada por aqueles que penetraram os segredos da vida.


Eu lhes dou a ponta de um fio dourado

Apenas enrolem-no até virar um novelo

Isso os conduzirá aos portões do Céu

No muro de Jerusalém.
William Blake (Aos Cristãos)



Conhecimento, compreensão e sabedoria são como rios que correm pelo curso da história humana. Às vezes eles fluem por cima do solo; às vezes, sob a superfície, em quietude, como se houvessem se perdido. Mas cedo ou tarde a verdadeira sabedoria ressurge, em outro país, em uma época diferente.

A corrente de conhecimento tratada aqui foi sacralizada nos cultos da Grécia Antiga aos Mistérios. O "Mistério" está relacionado ao "místico". Participar de um dos mistérios fazia do indivíduo um místico: era uma iniciação nos conhecimentos de outros mundos e de diferentes dimensões. E o mudava pelo resto da vida.

Explorar o curso dos conhecimentos secretos é uma experiência extasiante, e pode ser que ao fazê-lo você se aproxime de vivenciá-los pessoalmente. Este livro o levará a diferentes culturas dos últimos dois milênios e meio. Embora ele não possa prover uma lista completa dos místicos que preservaram a sabedoria oculta, fornecerá diversos pontos de vista pelos quais é possível encarar os Mistérios, e talvez você perceba que se tornou um elo na Corrente Dourada daqueles que penetraram o segredo.




OS MISTÉRIOS
Nossa história começa com uma canção. De certa forma, é a canção mais famosa de todos os tempos e que ainda hoje ecoa em nossas vidas. Ela é tocada por Orfeu, o arquétipo do músico e poeta, sentado em meio a uma paisagem selvagem ao norte da Grécia, acompanhado de uma lira. A música é tão linda que atrai até os animais, amontoados em volta para ouvir. Nos momentos de maior inspiração, Orfeu consegue cantar de forma tão poderosa que mesmo as pedras se esforçam para rolar até ele. Mas Orfeu é mais do que apenas um músico, ele é um xamã, um sacerdote e o desbravador de novas formas de conferir sentido à vida.




Sou filho da Terra e do Céu estrelado.
(Tabuleta de Ouro Órfica)


A Vida de Orfeu
Orfeu não é uma figura histórica, e sim mítica. Dizem que viveu e morreu no tempo dos Heróis da Grécia. Mesmo para os gregos da época de Sócrates, por volta de cinco séculos antes de Cristo, ele já era um personagem antigo e venerado, relacionado a tipos famosos como Hércules e Jasão, o Argonauta. A primeira menção histórica a Orfeu de que se tem notícia é a do poeta grego Íbico, que viveu durante o século VI a.C.. Ele cita o "famoso Orfeu", o que mostra que naquela época este provavelmente já era bem conhecido.

Os eventos e os padrões da vida mítica de Orfeu compõem uma fábula com ensinamentos que nos permitem depreender a razão pela qual o personagem ainda hoje é familiar. Há diversos relatos sobre quem teriam sido seus pais. O mais comum afirma que seu pai foi Oiagros, rei da Trácia, e Calíope, musa da poesia épica. Em outras versões do mito, Oiagros é um deus dos rios, ou Apolo aparece como pai de Orfeu, fazendo deste um ser totalmente divino, em vez de semi-humano. Seja qual for a versão escolhida do mito, sua herança incluía a habilidade poética, e Apolo reconheceu a aptidão musical de Orfeu presenteando-o com uma lira de ouro.

Os eventos mais famosos da vida de Orfeu são dois. Do primeiro conta-se que ele viajou com a tripulação de Jasão no navio Argo, na expedição para roubar o Velocino de Ouro do templo em Cólquida. Durante a jornada, o navio passou pela Ilha das Sereias, mulheres com aparência de pássaro que cantavam com encanto tão irresistível que os marinheiros tentavam chegar o mais perto o mais perto que podiam para ouvi-las, até que seus navios estraçalhavam-se contra as rochas costeiras. Em resposta, Orfeu cantou uma canção mais bela do que a das sereias, persuadindo os marinheiros a ouvir apenas ele, e passaram com segurança pelo apelo mortal que conduzia às rochas.

O poder do encantamento da canção de Orfeu sugere um feitiço para além dos efeitos comuns da música. Ele era considerado um exímio conhecedor de todas as artes mágicas; foi, na verdade, um dos primeiros magos.




Jornada ao Submundo
A segunda história sobre Orfeu é a mais famosa: sua tentativa de resgatar a esposa Eurídice do Submundo. Enquanto fugia das investidas de um dos filhos de Apolo, ou segundo outra versão, enquanto dançava na festa de seu casamento, Eurídice foi mordida por cobra venenosa e morreu. Orfeu ficou arrasado, e compôs lamentações e réquiens tão dilacerantes que os próprios deuses o aconselharam a descer ao Submundo e pedir a seus dirigentes, Hades e Perséfone, que ressuscitassem Eurídice. Único entre os homens que entrou na terra dos mortos ainda em vida e de lá retornou. Hades e Perséfone ficaram tão comovidos com suas músicas que concordaram em atender ao pedido, estipulando apenas que ele não deveria olhar para trás enquanto Eurídice o seguia até a superfície, de volta à luz do dia.

Não sabemos se Orfeu se esqueceu desse comando, ou se não pôde resistir à tentação de olhar para trás para ver se de fato a esposa o seguia. Seja como for, ela retornou ao Submundo para ali ficar com outras sombras dos mortos. Entretanto, existem algumas antigas versões do mito em que ele sai bem-sucedido na missão, tornando-se a primeira pessoa a trazer um ser humano de volta dos mortos.

A história mais conhecida relata que, a partir do momento em que perde Eurídice, Orfeu, sentindo-se culpado e desolado, vira suas costas às mulheres e passa a devotar-se à beleza de rapazes. Com isso ele enraivece as mênades da Trácia, seguidoras do deus do vinho Dionísio; elas o atacam durante um episódio de devoção frenética. Quando as pedras que jogam contra ele se recusam a atingir o alvo, elas se atiram sobre ele e lhe arrancam todos os membros com as mãos. Em outras versões, as mênades se enfurecem como fato de Orfeu não mais venerar Dionísio, adorando, em vez disso, o Sol. Ele adquirira o hábito de vestir-se com roupas do branco mais puro e venerar Apolo, o deus solar, todas as manhas sobre o Monte Pangeu. Foi ali que as mênades o encontraram e o fizeram em pedaços.

Mas a terrível morte não foi o fim de Orfeu: afinal ele era, ao menos em parte, divino. Sua cabeça cantante e sua lira caem no Rio Hébron e são levadas pela correnteza até o Mediterrâneo, onde vão parar em uma praia na Ilha de Lesbos. Ali, são colocadas em um relicário, de onde a cabeça de Orfeu pronunciava previsões oraculares e profecias até ser, por fim, silenciado por Apolo. Enquanto isso, suas mães e tias, as musas, reúnem os outros pedaços do corpo e os enterram na parte mais baixa do Monte Olimpo. Conta-se que, tanto no relicário quanto no túmulo, rouxinóis cantavam com doçura especial. E a Ilha de Lesbos tornou-se conhecida por seus poetas, incluindo, é claro, Safo, autora dos primeiros poemas de amor conhecidos. Por fim, a lira de Orfeu foi posta nos céus, onde forma a constelação de Lira.

Os elementos dessa história podem ser encontrados em mitos tanto antigos quanto recentes, indicando que ele possui algo arquetípico e universal. Por exemplo: o antigo mito de Osíris relata-nos esse Orfeu sendo desmembrado por seu inimigo Set, e Ísis, sua esposa e irmã, reúne seus pedaços e revivifica seu corpo a ponto de poderem gerar um filho, Hórus. Outra lenda conta que as mênades também fizeram em pedaços outro ser humano: Penteu, rei de Tebas. A ideia do semideus que sofre que sofre uma morte cruel e depois retorna para afirmar sua vida duradoura nos é familiar por meio da figura de Cristo. Portanto, estamos diante de uma figura arquetípica, alguém que, graças a suas músicas, é capaz de mover a matéria inerte e possui poder sobre a própria morte.




O Nascimento do Mundo
Assim que descobrimos o tema da canção de Orfeu, podemos perceber porque se atribuía a ele tão grandes poderes. Pouca coisa chegou até nós, mas vários filósofos e historiadores dos primeiros séculos de nossa era citam em suas obras trechos da canção de Orfeu. O tema é o nascimento do mundo, a própria criação. É uma história estranha. O mundo começa (como no Gênesis) em escuridão e caos. Cronos, ou Tempo, forma um ovo a partir do misterioso quinto elemento, o éter. Quando a casca do ovo se parte, o deus que dele emerge é de uma beleza estonteante: é Fanes (luz), Protogonos (o primogênito) ou Eros, o próprio Amor. De Fanes nasceu todos os deuses do Olimpo que nos são familiares: Zeus, Afrodite e assim por diante. Mas Zeus pergunta à noite como superar Cronos, e a resposta é que, para isso, ele deve engolir o universo. Espantosamente, é isso que Zeus faz; no processo, se torna tudo. E assim canta Orfeu:




Zeus é o primeiro.

Zeus, senhor dos trovões, é o último.

Zeus é a cabeça.

Zeus é o meio, e por meio de Zeus todas as coisas foram feitas.

Zeus é masculino, Zeus imortal é feminino.

Zeus é a fundação da terra e do céu estrelado.

Zeus é o sopro em todas as coisas.

Zeus é o crepitar do fogo inextinguível.

Zeus é a raiz do mar: Ele é o Sol e a Lua.

Zeus é o réu: Ele criou a vida universal.

Admira sua cabeça e seu belo rosto.

É o paraíso resplandecente, em torno do qual flutuam lindamente

Seus cachos dourados de estrelas reluzentes.


O significado dessa canção pode não ser claro à primeira vista, mas é enorme. Aqui Orfeu reconta uma das sagas sobre a criação e sobre um deus universal que permeia todos os seres, concedendo ao mundo e a tudo que nele existe um caráter sagrado. Essa ideia diferia profundamente da religião grega, que incluía vários deuses e foi inicialmente pensada para agir como força de coesão social. Orfeu, entretanto, traz revelações individuais da verdade, a serem descobertas de forma secreta por meio de iniciações e ritos.

Esses ritos estão relacionados a outro mito, central à religião Órfica: a morte do deus do vinho Dionísio. Conta a lenda que Dionísio era filho de Zeus e de Perséfone, a deusa do Submundo. Hera, a esposa ciumenta de Zeus, incita os Titãs (divindades antiqüíssimas da Terra) a matarem a criança. Eles se disfarçam passando argila branca no rosto e, enquanto a criança Dionísio está entretida com seus brinquedos, cercam o menino e o estraçalham. Não satisfeitos com essa horrenda crueldade, eles cozinham e assam as partes do corpo. Assim que se sentam para devorar a revoltante refeição, o cheiro de carne assada chama a atenção de Zeus. Com seus raios, ele atira de volta ao Tártaro (abismo inferior ao Submundo) e salva o coração de Dionísio. O vapor que emerge das queimaduras dos Titãs formam cinzas, às quais Zeus mistura barro para moldar os primeiros humanos. Desde então, cada ser humano tem uma natureza híbrida, em parte primitiva e Titânica, em parte divina e Dionísica (porque os Titãs haviam conseguido ingerir parte da carne da criança).

Pela primeira vez na religião grega, a ideia de uma fagulha divina na humanidade indicava que a vida (a verdadeira vida) residia não no corpo, mas no espírito. Para aqueles que compreendem esse fato, os prazeres sensuais passam a perder seu encanto. O corpo é visto como a prisão da alma; há um ditado órfico que diz: soma sema, "o corpo é um túmulo". Seguidores da religião Órfica acreditavam que a vida na Terra era uma punição por aquela parte titânica em todo ser humano; para eles, a fagulha divina Dionisíaca em nós anseia por se unir novamente à fonte da divindade: o deus maior, Zeus.




Rituais Órficos
A religião Órfica enumerava vários meios de libertar essa fagulha. Primeiro, exigia-se uma iniciação, que poderia ter a forma de uma refeição ritualística imitando a morte de Dionísio. O formato da iniciação parece ter se baseado nos ritos de Creta, em que um boi era desmembrado e comido cru; os iniciados, então, desfilavam ruidosamente até saírem da cidade, tocando flautas e címbalos e portando objetos sagrados. A religião Órfica deve ter adaptado esse rito sangrento e violento, uma vez que os iniciados tornaram-se empenhados vegetarianos. Mas é certo que passavam por um ritual estranhamente paradoxal, em que eram lambuzados com argila branca ou gesso, imitando os Titãs, o ato era considerado purificador. De fato, a palavra grega apomattein significa tanto lambuzar quanto purificar. Isso identificava o iniciado de maneira vívida e imediata com os dois lados de seu ser: o dionisíaco sagrado e o titânico mundano.

Após a iniciação, o novo discípulo órfico entrava em um modo de vida austero e autodisciplinado, conhecido em todo o mundo clássico. Nunca mais comeria carne, pois os Órficos acreditavam na doutrina da reencarnação da alma imortal. Nem tirariam a vida de animais com o propósito do sacrifício. A matança de homens, incluindo o suicídio, era proibida, pois fazê-lo seria reduzir o período de punição na Terra ordenado pelos deuses. Os órficos vestiam-se de branco, simbolizando seu desejo pela pureza. Esse modo de vida religiosamente inspirado, com ênfase na responsabilidade individual, pode parecer normal para nós. Procedimentos parecidos podem ser observados em outras religiões, particularmente no contexto da vida monástica. O Orfismo foi a primeira religião ocidental a desenvolver-se assim, e a impor restrições ao laicismo. Ele influenciou profundamente vários movimentos religiosos e filosóficos, e ainda hoje o faz. Foi nesse momento que a religião e a espiritualidade, tais como as conhecemos tiveram início.




O Pós-Vida
A questão da vida após a morte era mais importante aos seguidores de Orfeu do que aos que seguiam a religião grega predominantemente. A visão comum da morte pode ser encontrada no poema épico de Homero, a Ilíada. Seus heróis guerreiros entram na batalha com coragem impressionante, pelo fato de acreditarem que toda luz e prazer seriam encontrados apenas durante o curto período de uma vida. Após a morte eles continuariam a existir, mas apenas de forma atenuada, com sombras fantasmagóricas em um tenebroso Submundo, capazes de guinchar e murmurar, mas desprovidos do poder humano da fala. Em contraste com essa perspectiva, a religião Órfica prometia um futuro brilhante. Uma vez que a alma reencarnava, a morte não era o estado final de sua existência. Entretanto, considerando que a vida no corpo era punição, vidas futuras deveriam ser evitadas, se possível. O ascetismo da vida órfica tinha como meta afrouxar os nós que prendiam ao corpo, movendo o foco de atenção para longe dos prazeres titânicos sensuais e em direção aos dons da alma dionisíaca.

Alguns escritores da Antiguidade diziam que bastavam três vidas vividas em pureza para escapar da roda da vida e da morte. Outros como Platão, eram menos otimistas, acreditando que seriam necessários três períodos de três mil anos. Mesmo assim, o historiador Plutarco e sua esposa Timoxena, ambos iniciados órficos do século I d.C., enxergavam na religião uma consolação em períodos turbulentos. A compreensão órfica do pós-vida marca mudanças profundas com relação ao antigo sistema de crenças grego, e tais mudanças eram capazes de afetar também a vida. A visão homérica do mundo espiritual encorajava os vivos a buscarem toda sorte de prazeres sensuais enquanto ainda fossem capazes de fazê-lo; mas Orfeu ensina aos humanos que o eu verdadeiro era uma fagulha divina e que deveriam concentrar-se em nutri-la por meio do bem viver. Pela primeira vez na história, um ser humano poderia comandar seu próprio destino. Apesar de serem apenas joguetes dos deuses, havia a crença de que os humanos ficariam na companhia dos seres divinos e imortais que existiam nos Campos Elíseos. Essa nova compreensão da verdadeira natureza da humanidade ressoou pelas religiões ocidentais desde então, embora sua tendência seja a de ocultar-se das massas e revelar-se apenas nas tradições místicas.

A promessa que animava os seguidores de Orfeu era a de escapar da infinita roda das reencarnações e ir em direção à eternidade nos paradisíacos Campos Elíseos, na companhia de deuses e deusas imortais. Temos diversas evidências em relação à natureza da vida órfica futura: uma grande variedade de delicadas tabuletas e plaquetas de ouro foi encontrada em escavações arqueológicas de túmulos na Grécia e no sul da Itália, entre outros lugares. Parecem datar do século IV a.C. a III a.C. e possuem inscrições que testemunham a jornada e as experiências pelas quais os órficos acreditavam passar após o momento da morte. O morto era parabenizado e encorajado: "Afortunado e abençoado, serás deus em vez de mortal". Então eram dadas instruções elaboradas sobre a rota a ser seguida nos Campos Elíseos ("Vá para a direita até onde for possível (...)") e as palavras corretas a serem ditas em certos trechos. O momento mais crítico emerge quando a alma encontra duas fontes, uma à esquerda da trilha, a outra à direita. A fonte da esquerda é Lete, o esquecimento. Se a alma beber sua água, perderá toda a consciência de seu passado e renascerá. Mas a fonte à direita é Mnomosine, a memória. Aqui a alma deve anunciar: "Sou filho da Terra e do Céu estrelado", e pedir aos guardiões permissão para beber. Então poderá prosseguir ao longo da "estrada da direita, passando pelos Campos e bosques sagrados de Perséfone".

Por esse meio a alma alcança seu objetivo de felicidade eterna, e cantará:




Eu fugi do círculo de sofrimento e exaustão

Eu passei, com pés velozes, em direção ao diadema almejado.
A alma é liberada, purificada até chegar a um estado de inocência em que ela se realiza por completo. As inscrições incluem uma imagem estranha, mas vívida, assegurando ao morto o êxtase futuro: "és uma criança que caiu em leite".




Purificação e Liberação
A lenda de Orfeu é uma estranha mistura do trágico com o otimista. Ele sofreu morte similar à do deus cujos ritos tornaram-se uma sofisticada filosofia religiosa; mesmo assim, Orfeu, cuja morte é parte integral de sua história, podia ressuscitar os mortos. Sua influência tem duas vertentes distintas. Por um lado, é venerado como um reformador da religião; em vez de iniciar novas doutrinas, modificou as formas existentes de culto a Dionísio. Mesmo o conceito de Elíseo como visto nas tabuletas de ouro órficas, já existe em Homero, embora em sua poesia tal conceito seja exclusivamente reservado a uns poucos privilegiados.

Este é o lado exotérico de Orfeu. Mas também existe um lado esotérico: embora saibamos algo das iniciações e modos de vida órficos, muito se perdeu porque os iniciados aderiram de forma estrita ao voto de silêncio. Tudo o que temos são afirmações obscuras como a de Pausínias, historiador grego do século I a.C.: "Aqueles que viram uma iniciação em Êleusis, ou leram os escritos denominados órficos, sabe do que estou falando". Ou Diodoro, um século mais tarde, que escreveu sobre "os poemas órficos e as coisas que foram introduzidas nos mistérios cujos detalhes não se deve contar aos não iniciados". É difícil para nós imaginar uma ideia tão poderosa a ponto de ser preservada em um segredo praticamente inviolado por séculos a fio; mas este é o caso das iniciações órficas.

E mesmo assim, o conhecimento contido no Orfismo persistiu ao longo da história sob vários formatos. Sobreviveu, por exemplo, mediante outra forma de esoterismo: a magia. É importante lembrar que Orfeu era um cantor capaz de enfeitiçar até as pedras. É obvio que sua música tinha um poder mágico e, ao longo do tempo, uma série de encantamentos, feitiços e inovações mágicas foram criados em seu nome. A própria música está tão inter-relacionada com a magia que a conexão é lingüística: "encantamento", significa, literalmente, magia feita por meio do canto. A raiz, da qual ambas as palavras derivam, é o latim cantare, que significa cantar, ou tocar. Portanto, Orfeu era visto como o primeiro mago, seu arquétipo. Existem ainda hoje 86 hinos órficos atribuído a ele (embora sejam, quase certamente, datados dos primeiros séculos da nossa era); esses hinos consistem de invocações elaboradas a uma variedade de deuses, alguns com propósitos específicos, outros para proteção geral. A maioria dos hinos é acompanhada de instruções quanto a erva ou o tempero correto a queimar como incenso. Os hinos ganharam tamanha reputação como poderosas ferramentas mágicas que, durante a Renascença, o filósofo e astrólogo Marsílio Ficino considerou-os perigosos demais para serem publicados. Assim, o conhecimento órfico continuou sendo algo oculto, disponível apenas de forma oral para um grupo seleto de homens cultos, que provavelmente se consideravam iniciados de algum tipo.

Orfeu representa, portanto, um conhecimento oculto da verdadeira natureza da humanidade, de seu potencial e de sua suprema felicidade. Em um nível exotérico, o mito da morte prematura de Dionísio pode representar o processo de fabricação do vinho. Dionísio é destruído assim como a uva, mas o pai, Zeus, engole seu coração e engravida a mortal Semele. Depois de matá-la com seus próprios relâmpagos, Zeus recolhe o bebê de seu ventre e o costura na própria coxa, mais tarde à luz um segundo Dionísio. Esse deus renascido torna-se então o selvagem deus do vinho, em nome do qual, ritos transgressores são realizados. Mas a compreensão órfica deste mito tem a ver com a intoxicação espiritual. Dionísio tem também outro nome: Liber, que significa aquele que traz a liberdade. Em um nível mundano, isso pode significar a desinibição trazida pelo vinho, mas a verdadeira libertação órfica é em relação ao sofrimento da vida em si.

Embora tracemos mais à frente o curso da sabedoria órfica pelas tradições ocidentais, devemos nos lembrar de que a "filosofia perene" é de natureza universal. Várias religiões e culturas expressam esse fato de diferentes formas, mas as semelhanças são visíveis. Segundo o mito, o próprio Orfeu obteve sua sabedoria estudando com os sacerdotes do Egito antigo, cuja religião possuía um viés fortemente ligado à natureza da vida e da morte. É possível também discernir conexões profundas com os preceitos do Budismo. Buda que viveu por volta do século V a.C., dispôs seus ensinamentos em Quatro Nobres Verdades: que a vida é sofrimento, que o sofrimento tem um começo e que também tem um fim. A quarta verdade descreve o Nobre Caminho Óctuplo que conduz ao fim do sofrimento. O Orfismo tem a mesma opinião em relação à natureza da vida, o fato de ela possuir tanto uma causa (em termos místicos, a morte de Dionísio) quanto um fim. A senda que os ascetas iniciados seguem parece menos elaborada que o Nobre Caminho Óctuplo do Budismo, embora talvez haja muitas coisas que não saibamos. Entretanto, ambos os caminhos têm o mesmo propósito, purificar o ser humano afastando-o dos prazeres sensoriais e melhorando sua conduta moral, de modo a fortalecer a vida espiritual.




Elêusis e a Deusa
Os mistérios órficos não eram os únicos ritos de iniciação praticados na Grécia antiga. Havia também os Mistérios eleusinos de Deméter e Perséfone, semelhante aos órficos, mas muito mais conhecidos e celebrados. Esses Mistérios ecoavam prática realizada particularmente no Tibet. De fato, os ritos eleusinos conduziam os participantes por meio de uma experiência de morte, enquanto os praticantes tibetanos meditavam sobre o "Livro Tibetano dos Mortos" e buscavam práticas que imitavam o processo de morte com o mesmo objetivo: preparar-se para a morte do corpo de modo a serem capazes de fazer as escolhas corretas no pós-vida.

De acordo com Sua Santidade o Dalai Lama, no instante da morte a consciência se torna bastante clara, tornando possível ficar bem mais perto da verdade da existência que durante a vida. Mas sem a preparação, essa clareza pode ser desperdiçada e a pessoa acabará reencarnando, ao contrário de libertar-se da roda de morte e renascimento. E mais: experimentar tal clareza de consciência durante a vida trará revelações sobre a verdadeira natureza da pessoa, percepções que serão fonte de êxtase libertador enquanto ela ainda vive. Esse tem sido um dos objetivos de filósofos e místicos por vários séculos, mas é em Elêusis que encontramos as primeiras evidências da prática dessa disciplina espiritual.

Já vimos que as tabuletas órficas de ouro mostravam a rota a ser seguida até o outro mundo, bem como as palavras a serem pronunciadas. De fato, os ritos órficos eram também capazes de encenar a morte de maneira dramática; entretanto, não temos provas se realmente o fizeram. Mas dos ritos de Elêusis sobrevivem indicações suficientes para dar uma ideia dos eventos dramáticos aos quais os participantes eram submetidos.

Embora os mistérios órficos e eleusinos tenham pontos em comum, existem também várias diferenças. Os ritos eleusinos baseiam-se concretamente em um lugar: Elêusis, perto de Atenas. Originalmente, eram exclusivos dos cidadãos atenienses; com o tempo, entretanto, foram incluídos gregos vindos de fora da cidade e até mesmo estrangeiros. Os ritos eram abertos à participação dos escravos e das mulheres, em uma época em que esse tipo de igualdade estava longe de ser regra; mesmo assim, o prestígio dessas iniciações era tal que até imperadores romanos clamavam para serem iniciados. Assim como no caso dos ritos órficos, estes ofereciam uma experiência religiosa individual bastante intensa, mas, ao contrário do Orfismo, não impunham obrigações morais. Entretanto, quem houvesse cometido assassinato ou outros crimes sangrentos não podia ser admitido sem antes passar por uma purificação. Os Mistérios eram celebrados anualmente, e durante esse período permitia-se que os exilados retornassem do exterior, e havia uma trégua para as guerras. Isso nos dá uma ideia de como os Mistérios eram importantes para os atenienses.

Assim como no caso dos ritos órficos, era exigido que os participantes mantivessem segredo estrito. Talvez porque houvesse tantos iniciados, mais evidências chegaram até nós do que com relação aos ritos órficos; isso, entretanto, não muda o fato de que o nível de discrição mantido era impressionante. As cerimônias eram consideradas tão preciosas que sobreviveram a uma tentativa de extinção no século V, e parecem ter sobrevivido de, aproximadamente, 600 a.C. ao século XVIII d.C. ou mais tarde.




O Hino a Deméter
Os Mistérios eleusinos baseiam-se em um mito que talvez seja mais familiar do que aquele da morte de Dionísio, e também parece ter como foco a natureza da morte e do pós vida. O mito conta o estupro de Perséfone por Hades, descrevendo também a busca de sua mãe, Deméter, pela filha desaparecida. A história é contada em um longo poema chamado "Hino Homérico a Deméter", datado por volta do século VI a.C.. Em um belo dia, Perséfone, filha de Deméter, deusa da fertilidade, colhe flores acompanhada de seus amigos quando Hades, tenebroso regente do Submundo, emerge de uma fissura no chão em sua carruagem e rapta a moça para ser sua esposa. Deméter não tem ideia do que aconteceu com a filha e, abalada pelo medo e pela dor a ponto de não conseguir comer, faz uma busca incessante que dura por nove dias. Por fim o Sol, que tudo vê, conta-lhe o que aconteceu e que Zeus aprovara o estupro. Deméter viaja a Elêusis, onde as filhas do rei local a recebem com hostilidade e convencem-na a quebrar o jejum, e a ama das meninas a diverte com seu humor obsceno. Deméter ordena que um templo seja construído para si. Entretanto, sua ira em relação a Zeus é tanta que ela proíbe as colheitas de crescerem, causando um período de fome. Zeus então envia Hermes até Hades para negociar a devolução de Perséfone, e Hades concorda. Secretamente, porém, ele dá a moça sementes de romã para comer, assegurando-se de que ela então se torne parte da existência do Submundo e, portanto, seria obrigada a retornar. Embora Perséfone tenha a permissão de retornar a superfície, ocasião em que Deméter faz as colheitas crescerem novamente, inicia-se um ciclo anual no qual Perséfone deve retornar ao espoco em todo outono.

O mito reflete não só o mistério do crescimento sazonal, mas também a natureza da alma humana que passa por ciclos de sofrimento, alegria e perda. Sugere-se aqui a Reencarnação, embora não de forma explícita. Assim como nos Mistérios órficos, o iniciado recebe instruções sobre como escapar do ciclo e alcançar o êxtase absoluto. Elêusis significa "lugar de feliz chagada" e está relacionado aos Elíseos. Os antigos não duvidavam da eficácia dos Mistérios, considerados por Cícero o aspecto mais precioso da cultura grega. Afirmou com convicção: "Nos Mistérios percebemos o princípio real da vida e aprendemos não só a viver com alegria, mas a morrer com boa esperança".

Os Mistérios transformaram-se em ritos longos e elaborados. Eram compostos de duas partes: a primeira continha os Mistérios Menores eram compostos de uma primeira iniciação, ou telete, e uma iniciação final, epopteia, que só poderia ser feita um ano após a telete.

É possível que os Mistérios órficos tenham tido apelo restrito por causa do estrito modo de vida órfico. Os Mistérios de Elêusis, no entanto, parecem ter tido o caráter de reuniões sociais ou, literalmente, um tipo de férias. Os Mistérios Menores aconteciam próximo ao Rio Ilissos, e incluíam banhos de rio. Havia também sacrifícios e dança, e objetos sagrados eram escondidos em cestos para indicar sentidos ocultos que seriam revelados.




Mistérios Maiores de Deméter
Os Mistérios Maiores de Deméter tinham caráter mais elaborado e iniciavam-se com o transporte de objetos sagrados de Elêusis até o templo de Deméter, em Atenas. No segundo dia, um brado instigava os participantes a irem banhar-se no mar para se purificarem. O hábito peculiar de levar consigo pequenos leitões parece ter vindo da crença segundo a qual os porcos absorvem o mal, ideia recorrente ao Evangelho de Marcos, na história do suíno de Gadarene (Marcos 5, 1-13). No terceiro dia, ao que parece, aconteciam sacrifícios públicos em prol do bem-estar da cidade; do quarto dia, pouco se sabe. O quinto dia era dedicado à procissão a Elêusis, em que os participantes eram coroados com mirta. Novamente nos deparamos com Dionísio, agora denominado Baco, cuja estátua era carregada na procissão. Os participantes incitavam os gritos de "Baco! Baco!" e um espírito de fanfarra parecia avivar o grupo.

Em sua comédia Os Sapos, Aristófanes escreve o papel de um rapaz que adora espiar os seios de jovens mulheres cujas roupas haviam sido rasgadas em meio à farra da multidão. Conforme a procissão se aproximava de Elêusis, os grandes e os bons tinham de sofrer em silêncio ao passar por uma ponte em que homens cobertos com capuz reuniam-se para insultá-los, sem dúvida para deleite de todos. Assim que a procissão atingia o santuário, a dança e a música prosseguiam noite adentro para os que desejassem aproveitar mais.

No sexto dia, ao que parece, os participantes descansavam e faziam sacrifícios como preparação para a iniciação seguinte. Havia um período de jejum, embora não saibamos por quanto tempo, quebrado apenas ao cair da noite com a ingestão de uma mistura de água, cevada e poejo. Os participantes imitavam Deméter, que se recusa a interromper seu jejum com vinho, preferindo pedir essa mistura, o kykeon, para beber. O kykeon já evocou várias hipóteses. Será que a cevada era fermentada, ou será que o poejo tinha algum efeito alucinógeno? Fosse qual fosse o caso, os mystes tinham bastante tempo para dormir até que os efeitos passsassem, uma vez que naquele dia nada mais faziam, descansando durante o sétimo dia inteiro até a noite.

Finalmente terminava esse período de preparação. Nessa altura os participantes ganhavam roupas limpas para vestir, e eram coroados com fitas em sinal de consagração às duas deusas. Ao que parece, passava-se o resto da noite reencenando a procura de Deméter por sua filha, com os participantes segurando tochas para iluminar o caminho através da escuridão e gritando o nome Kore, que significava "donzela". A cada grito, o hierofante (sacerdote que os Mistérios) batia em um gongo para imitar o som do trovão. Conforme a noite passava, os participantes eram conduzidos por toda uma variedade de emoções que Deméter sentiria: pesar, raiva, desespero, esperança. Aristides, de Atenas, relata: "Dentro desse salão, os místicos experimentavam sensações de horror capazes de gelar o sangue, e sensações de alegria capazes de levar ao mais absoluto êxtase".




A Vida Emergindo da Morte
A totalidade dos fragmentos ainda existentes sobre essa parte da iniciação traz, de várias formas, o mesmo argumento: a intenção não era apresentar o conhecimento aos iniciados, mas conduzi-los para uma experiência capaz de fazê-los absorver a sabedoria contida em seu próprio ser. A noite era dramática para impressionar ao máximo os iniciados. O que, então, a experiência pretendia transmitir? Sem dúvida a resposta é: a experiência da morte. Um trecho de Plutarco coloca isso de forma absolutamente clara:


Assim, a morte e a iniciação correspondem-se; mesmo as palavras (teleutan e teleisthai) são correspondentes entre si, assim como as coisas. Inicialmente alguns caminhavam a esmo ou corriam com urgência em círculos, ou aventurando-se no escuro por ruas com destino incerto, ou sem saída; então, pouco antes do fim, há todo tipo de terrores, com arrepios, tremedeira, suor e espanto absoluto. Depois disso, o caminhante depara-se com uma estranha e maravilhosa luz, é recebido em campinas limpas e verdes, onde consegue discernir vozes gentis e danças coreografadas e, a majestade dos sons e visões sagrados. Aqui, a pessoa agora totalmente iniciada está livre, e caminha para a liberdade, juntando-se à folia.
Uma vez que os participantes tivessem passado por total experiência, estariam livres do medo. E mais: saberiam como agir no instante da morte física. O objetivo dos Mistérios de Elêusis parece ter sido, portanto, o mesmo dos Mistérios Órficos. Primeiramente, o celebrante aprende, nos Mistérios Menores, que a alma é prisioneira do corpo. Então os Mistérios Maiores oferecem a chave para o despertar da alma que dorme, libertando-a.

Conforme o dia passava, os iniciados ficavam cada vez mais exaustos e, portanto, bem mais impressionáveis. Nesse ponto, a assustadora escuridão era dissipada pela visão de uma luz brilhante na qual aparecia o hierofante. Ele mostrava à multidão uma espiga de milho, o presente de Deméter, gritando: "August Brimo deu à luz um filho sagrado, Brimos". Brimo significa forte, então tanto a mãe quanto o filho são poderosos. Os nomes ocultam a verdadeira identidade das Divindades: Brimo é Perséfone e Brimos é Dionísio. O pai é Hades. Qual o significado desse momento climático? Parece ser a revelação do segredo da vida emergindo da morte, no instante em que os iniciados vivenciam a alegria da vida eterna após uma noite passada na "morte em vida" da sofrida vida corpórea.

Os iniciados também experimentavam várias substâncias, como grãos, brotos e mel, em um tipo de comunhão sagrada. Embora saibamos que a experiência de iniciação incluía palavras faladas e também dramatizações, restam apenas alguns fragmentos da liturgia, espalhados em citações nos trabalhos de vários autores. Esse aspecto dos Mistérios irá, portanto, permanecer desconhecido para sempre. Apesar disso, estão registradas as últimas palavras da cerimônia: o hierofante pronunciava a fórmula misteriosa Knox Om Pax. Supõe-se que essas palavras derivem do egípcio, mas seu sentido é obscuro e tampouco é certo que os participantes entendiam o significado.

Todos os presentes eram então iniciados nos Mistérios Maiores conhecidos como teletai. Passariam um dia a mais em Elêusis recuperando-se e oferecendo sacrifícios aos ancestrais. Então voltariam para casa, não de maneira organizada, e sim como lhes aprouvesse. Nada mais se exigiria deles; provavelmente se considerava que a experiência era profunda o suficiente para mudar suas vidas para melhor. Idealmente, teriam alcançado a clareza de consciência da qual fala o Dalai Lama, bem como a percepção sobre a verdadeira natureza da vida humana e sua fagulha divina inerente.

Havia, entretanto, um nível final de iniciação, a epopteia, pela qual se poderia passar um ano depois. Parece ter tomado a forma de uma luz divina que revelava seres espirituais de todos os tipos, culminando com uma visão da rainha do Submundo, a própria Perséfone. Com efeito, os iniciados reproduziam a experiência de Orfeu ao encontrar os regentes da morte enquanto ainda estava vivo.




Nossa Verdade Oculta
Em sociedades tribais no mundo inteiro encontramos a figura do xamã, que, sozinho em sua tribo, é capaz de viajar ao mundo espiritual e dali a outros mundos. O grande mérito dos Mistérios órfico e eleusino foi tornar tal experiência acessível às pessoas comuns. O significado dos mistérios é profundo, pois asseguram ao iniciado uma eterna e extática vida após a morte. A compreensão da realidade da alma e de sua natureza eterna pode, no mínimo, fazer refletir sobre as dificuldades da vida diária. Os problemas físicos e emocionais começam a perder seu poder de dominar o iniciado; este percebe que a vida no corpo é temporária, e que nenhum sofrimento é capaz de afetar a alma. Tal percepção pode permitir o alvorecer de um sentido de liberdade e alegria. Alguns dos iniciados podem ter tido uma experiência mais profunda de sua própria fagulha divina interna, e decidiram devotar-se ao tipo de vida mística capaz de nutri-la.

Essa sabedoria oculta jamais foi perdida de fato, embora tenha permanecido na obscuridade por longos períodos de tempo. Afinal ela trata da verdade sobre a nossa natureza, hoje a mesma que era na Grécia antiga.

sábado, 4 de janeiro de 2014

MANTRAS, NOMES DE DEUS E PALAVRAS DE PODER


A repetição dos nomes de Deus e o uso de mantras e de palavras de poder são a prática mais importante que podemos adotar na nossa vida diária, como complemento da meditação. Os instrutores e Mestres de todos os caminhos espirituais e de todas as religiões recomendam essa prática, que pode assumir diferentes formas.

Os benefícios dessa prática são incríveis. Gandhi recitava o nome de Deus, como Rama, constantemente no seu dia a dia, e ele mesmo afirmou que o seu sucesso deveu-se em grande parte a esse hábito. O Bhagavad Gita diz que, quando morrermos, iremos para o lugar que ocupa o nosso último pensamento antes da morte; a última palavra de Gandhi, ao ser assassinado, foi “Rama”. Sai Baba dizia que a repetição do nome de Deus e a visualização da Sua forma são um dos principais segredos do sucesso espiritual. Além de usá-las na meditação, o ideal é adotar essa prática habitualmente, ao longo do dia, enquanto esperamos  na fila no banco, ao lavar a roupa, ao tirar o pó com o aspirador, ao tomar banho, ao caminhar e assim por diante.

A lei da mente é que os pensamentos criam a realidade. A energia segue o pensamento. Quando você recita o nome de Deus, acaba se tornando aquilo que está recitando. Quanto mais você o repetir, mais você purificará seus corpos físico, emocional, mental e etérico, e eles poderão então refletir apenas Deus.

Um dos maiores problemas de quem segue o caminho da espiritualidade é uma mente divagadora:”uma mente ociosa é a oficina do diabo”. A entoação do nome de Deus mantém sua mente voltada para Ele. Se a mente não está em Deus, é provável que esteja no seu eu inferior e no seu ego negativo. Na Índia, todos recitam o nome de Deus; isso não acontece no Ocidente, o que é lamentável.

Sempre que emoções negativas se manifestarem ou quando se sentir deprimido ou irritado, recite o nome de Deus e visualize a forma divina que preferir. Você verá que essa atitude o tirará imediatamente daquela situação. Essa é uma das maneiras que você tem para afastar-se do seu eu inferior e aproximar-se do seu eu superior. Não há necessidade de adotar apenas um nome, se você preferir variações, altere o quanto desejar. A repetição do nome de Deus, reforçada pela visualização, é realmente um remédio para todas as circunstâncias da vida.

Além dos nomes de Deus, você pode usar os mantras, que são sons sagrados. Um exemplo é Aum. Sai Baba dizia que o mantra Aum é a seta e que Brahma é o alvo. Aum o leva diretamente a Brahma. Aum é a mãe de todos os mantras.

O que chama a atenção sobre os mantras é que muitos deles realmente existem nas dimensões superiores e foram apresentados à humanidade pelos antigos rishis ou videntes indianos. Tendo a capacidade de entrar em sintonia com as dimensões superiores, eles ouviram efetivamente esses mantras por meio de clarividência. O poder dos mantras é inacreditável. Deus criou o universo recitando um mantra. À medida que evoluir para níveis de espiritualidade cósmicos, você poderá criar planetas e mesmo sistemas solares com a força de um mantra.

Você reconhece o poder das palavras. A prova desse poder está no que Jesus disse, “Lázaro, levanta-te!”, e Lázaro ressuscitou dentre os mortos. Veja o efeito das palavras de Hitler sobre a Alemanha nazista. As palavras de poder podem ser usadas por um mago branco ou por um mago negro. A maioria das pessoas não faz ideia do tremendo poder que têm quando falam.

Atualmente, os pesquisadores estão fazendo muitos estudos sobre o som. Nesses estudos, certas frequências de som são direcionadas para células cancerosas, tendo como resultado a cura completa do câncer. A voz humana é o instrumento maior para produzir o som. Juntamente com o sentido das palavras ou com os nomes de Deus, o som pode sanar todos os problemas.

Não há necessidade de dizer que o Pai Nosso e a Grande Invocação são carregados de energia. Outra coisa interessante sobre o uso dos mantras, dos nomes de Deus e das palavras de poder é que quanto mais são usados, mais cheios de energia eles se tornam, assumindo uma força espiritual coletiva própria. Quando você reza, digamos, o terço da Virgem Maria, você se abastece numa consciência de grupo e também na sua própria relação pessoal com Deus.

Os mantras e os nomes de Deus podem ser ditos em voz alta, em silêncio, sussurrados ou escritos. Cada um tem o seu efeito específico. Preste o máximo de atenção para não se tornar mecânico. Recite cada mantra como um ato de adoração e de culto a Deus. O nome de Deus no judaísmo místico era tão sagrado, que certos setores da tradição judaica proibiam as pessoas de pronunciar o nome divino. É por isso que um dos mandamentos da Bíblia prescreve não usar o nome do Senhor em vão.

A recitação de um mantra ou de um nome de Deus cria força espiritual e purifica, limpa e cura todos os corpos de que você é feito. Ao repetir o nome de Deus, você programa a perfeição em sua mente subconsciente, e esta irá criar a perfeição em seus corpos físico, emocional, mental e espiritual.

A entonação de mantras ou dos nomes de Deus ajuda a formar o seu corpo de Luz, que é o corpo que você usará no estado ascensionado. Quanto mais você entoar o nome de Deus, mais ele será o centro de sua consciência. O mantra é como uma semente que acabará se transformando numa árvore frondosa. A árvore simboliza a realização em Deus. O mantra e o nome de Deus o protegem da fascinação, da ilusão, de maya e das energias negativas. Eles também lhe atraem o que você recita.

Se você recitar a palavra divina “Elohim”, que significa “Tudo o que Deus É”, você estará atraindo a si tudo o que Deus é. Se recitar o nome de Deus ao adormecer, você flutuará no seu corpo da alma até a dimensão e a consciência do nome que você recita, uma vez que é o último pensamento que está na sua mente que determina o lugar para onde você vai enquanto dorme.

O objetivo último de recitar os nomes de Deus ou os mantras é unir sua consciência individual com a consciência de Deus. O nome de Deus ou o mantra o ajuda a tomar consciência da sua verdadeira natureza como eu eterno, desperta suas faculdades superiores e eleva sua consciência ao nível daquela ressonância mântrica específica.

A prática constante dessa disciplina espiritual sagrada produz uma energia espiritual muito forte em sua aura, energia essa que você pode usar para abençoar as pessoas que encontra ao longo do dia. A mente é um instrumento de grande poder. Jesus disse que se tivermos a fé de uma semente de mostarda poderemos mover montanhas, literalmente. Em sua canalização da Mente Universal, Paul Solomon disse que usava o livre-arbítrio de forma tão vigorosa, de modo a alterar realmente as posições das estrelas do universo. Edgar Cayce disse que as manchas solares são criadas pelo modo de pensar negativo do homem.

Você pode imaginar como se sentiria se pudesse deter a enorme força de sua mente ininterruptamente, vinte e quatro horas por dia, para recitar os nomes de Deus, os mantras e as palavras de poder: todos os seus pensamentos, palavras e ações teriam uma origem divina. Este é o ideal: fazer com que toda a sua vida na Terra seja uma afirmação de Deus, que é o que você realmente é. Em geral, não fazemos isso porque não fomos educados para essa finalidade ou porque não recebemos os instrumentos e métodos apropriados.

Todos temos um ou vários mantras, nomes de Deus e palavras de poder particulares a que reagimos intensamente. Esses podem ser muitos ou poucos. Não há certo ou errado. Deixe sua intuição guiá-lo. Experimente e divirta-se. Você ficará impressionado com os resultados que lhe advirão sob a forma de uma grande alegria, amor de Deus, amor das pessoas e Luz.

Durante o dia, nos momentos em que não estiver recitando os mantras e os nomes de Deus, você pode praticar outras disciplinas espirituais, como a meditação, oração, leitura espiritual, afirmações, escrever um diário ou praticar exercícios físicos. A repetição do nome de Deus e dos mantras pode ser comparada a uma fita adesiva que liga todas essas ações ao longo do seu dia.

É extraordinariamente forte cantar os nomes de Deus. Na Índia, essa prática se chama cantar bhajans ou kirtans; no Ocidente, nós a conhecemos como cantos devocionais. Acrescentar o corpo emocional à recitação dos nomes de Deus e dos mantras faz com que eles se tornem ainda mais fortes. Programe suas próprias melodias e cantos, se quiser, ou adquira CDs. O uso de CDs com os mantras e com os nomes de Deus é uma prática receptiva, mais do que ativa. Uma coisa interessante que passa a acontecer quando você faz isso habitualmente é que o seu subconsciente e a sua natureza interior começam a recitar os mantras sem que a sua mente consciente se envolva. A recitação vai acontecendo automaticamente. Você começa a recitar em seus sonhos. Toda sua vida interior e exterior fica envolvida pela música e pela canção divinas.

Também é recomendável estabelecer momentos específicos para a recitação ou para a entonação. Você pode praticar na meditação ou, se preferir, pode usar o japamala como é comum na Índia. O japamala é um fio com cento e oito contas (cento e oito é um número sagrado) feitas de semente de sândalo ou de rudraksha. Ao recitar seu mantra ou o nome de Deus, você conta uma conta ou uma semente com os dedos. Em geral há algum tipo de marca que indica que você completou um certo número de repetições ou que terminou o ciclo inteiro. Os mantras podem ser recitados em conjunto ou em séries, como sete vezes todas as contas, por exemplo. É bom saber que cada série de repetições não só contribui com o seu crescimento espiritual, mas também ajuda toda a humanidade e a Terra. Usar as contas do japamala é como usar o terço. Os budistas também têm uma prática semelhante. Se você segurar um cristal durante a recitação, sua prática  produzirá uma energia ainda mais forte. Quanto mais você recitar o nome de Deus e Seus mantras divinos, mais você se assemelhará a Ele.

Essa prática purificará sua mente subconsciente e o ajudará a desenvolver uma enorme força de concentração. Ela o levará a aquietar a mente, a acalmar as emoções e a curar o corpo físico. Finalmente, ela fará com que você permaneça sempre na consciência de Cristo e não na consciência do ego negativo.

Para que essa prática não se transforme em rotina, é importante variar. Transforme essa prática no seu grande momento de alegria. Mantenha o interesse usando diferentes nomes de Deus e de mantras e adotando diferentes velocidades ou tempos de entoação. Você pode adotar um ritmo lento, alto ou baixo, melodioso ou não. O mais importante é recitar com entusiasmo, grande devoção e amor; você está adorando e oferecendo seu amor a Deus.

Como você mantém seu corpo físico sadio com alimento saudável, assim também repetir o nome de Deus é o mesmo que alimentar sua mente e seu espírito com bom alimento. Um dos segredos do sucesso espiritual e mundano está em compreender a importância do direcionamento da atenção. Você vive, literalmente, onde está sua atenção. A repetição do nome de Deus e de Seus mantras faz com que você mantenha sua atenção onde ela deve estar. Isso lhe atrairá saúde espiritual e material, pois não diz a Bíblia, “buscai o seu Reino, e essas coisas vos serão acrescentadas”?

Cada mantra o levará a realização de Deus e ao topo da montanha espiritual; mas cada um subirá a montanha por um caminho diferente. Há mantras e palavras de poder para todos os objetivos que se possa ter na vida. Alguns se destinam à cura, outros visam atrair a prosperidade. Você não precisa mudar de religião para usar uma variedade universal e eclética de mantras. Sai Baba dizia que “Qualquer que seja o nome ou a forma de Deus que você recite ou cultue, a ele atenderei”. Essa é a religião da Nova Era do futuro. Todos os nomes e todas as formas levam ao mesmo lugar. Escolha os que mais fizerem eco em você. Talvez você queira ter um nome ou um mantra específico para cada circunstância da vida; isso é muito bom.

Recitar o nome de Deus também o ajuda a manter a consciência da presença de Deus na sua vida diária. O grande problema é o esquecimento. Se você recitar o nome de Deus constantemente, não haverá como esquecer. Essa prática também o ajudará a formar hábitos positivos, de Deus, e não hábitos negativos, do eu inferior. Dedicar-se a essa prática só pode levar Deus à ação. Deus não consegue resistir a um coração puro, amoroso e devoto.

Repita o nome de Deus sempre que sentir medo ou que começar a se preocupar, e o medo e a preocupação desaparecerão. “Se Deus está contigo, quem ou o que pode estar contra ti?”. Pense na influência que a propaganda exerce sobre o público em geral. Refiro-me aqui a todos os slogans, palavras de apego e canções. Veja como o público compra os produtos anunciados. Adote esse mesmo método; recite o nome de Deus e você estará comprando apenas um “produto de Deus”. Quando perceber que vai começar uma discussão com seu companheiro ou companheira, recite imediata e silenciosamente o nome de Deus na sua mente e fique atento aos resultados.

Quanto mais você praticar os nomes de Deus e os mantras, mais a semente penetrará na alma de sua mente subconsciente, e mais profundas serão suas raízes. Ela acabará por unificar sua consciência no serviço de sua alma e de sua mônada, e, então, ascensione.


MANTRAS DA TRADIÇÃO MÍSTICA JUDAICA.

  1. Elohim - Esse é o aspecto da Mãe Divina de Deus; ele significa Tudo o que Deus É. Esse é um dos mantras mais poderosos.
  2. Yod Hay Vod Hay ou Yod Hay Wah Hay – Esse é o aspecto do Pai Divino de Deus.
  3. Adonai – Esse é o aspecto Terra de Deus; na Cabala, significa Senhor.
  4. Eh Hay Eh – esse é o Eu Sou. Outra versão, que pode ser mais forte, ainda é Ehyeh Asher Ehyeh, que significa Eu Sou Aquele que É. Esse foi o nome com que Deus se revelou a Moisés na sarça ardente.
  5. Yhwh – Este é o nome vivo e revelado de Deus que está por trás de todos os deuses criadores.
  6. El Shadday – Deus todo poderoso.
  7. Ha Shem – O nome; ou Baruch Ha Shem, significando Abençoado é o Nome.
  8. Shekinah -  Espírito Santo.
  9. El Eliyon – Deus Altíssimo.
  10. Sh'Mah Yisrael Adonai Elohainu Adonai Chad – O Senhor nosso Deus, o Senhor é Um!
  11. Baruch Ata Adonai – Abençoado é o Senhor.
  12. Qadosh, Qadosh, Qadosh, Adonai Tzeba'oth – Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus dos Exércitos.
  13. Eli Eli – Meu Deus, Meu Deus.
  14. Ruach Elohim – Espírito de Deus.
  15. Ribono Shel Olam – Senhor do Universo.
  16. Shekinah Ruach Ha Qodesh – Presença Divina do Espírito Santo.
  17. Ain Sof Ur – Luz Infinita do Absoluto.
  18. Layoo-esh Shekinah – Pilar de Luz do Espírito Santo.
  19. Ehyeh Metatron – Eu Sou Metraton. Metatron é um arcanjo representante de Deus no universo exterior; frequentemente chamado de a Túnica de Shaddai; manifestação visível da divindade e criador dos mundos exteriores e do elétron.
  20. Yahweh Elohim – Divinos Senhores da Luz e do Aprendizado.
  21. Yeshua Michael – Jesus e o Arcanjo Miguel.
  22. Shaddai El Chai – O Altíssimo Deus Vivo.
  23. Adonai H'artez – Senhor da Terra.
  24. Moshe Yeshua Eliahu – Moisés, Jesus e Elias.
  25. Shalom – Paz.
  26. Hyos Ha Koidesh - Servos Altíssimos do Ancião dos Dias.


MANTRAS HINDUS

  1. Aum ou Om - A mãe de todos os mantras.
  2. Brahma, Vishnu, Shiva - Eu Sou Ele ou Eu Sou o Eu.
  3. So Ham - Esse era o mantra de Sai Baba e de Baba Maktananda. É o som que Deus ouve ao prestar atenção à respiração dos seres humanos. À noite, enquanto os homens dormem, o som se transforma em Aum, dizia Sai Baba. Recite esse mantra seguindo o ritmo da sua respiração: ao inspirar, dia "So"; ao expirar, diga "Ham". Deixe que a respiração conduza a meditação e o mantra.
  4. Bhurh Bhuvah Svah Tat-savituhr Varenyam Bhargogah Devasya Dhimahi Dhiyoyal yoyah Na Pracodayat – Om Terra, atmosfera, céus. Meditemos sobre a luz sagrada daquela fonte refulgente que deve dirigir (ser o impulso para) os nossos pensamentos.
  5. Sai Baba ou Sai Ram ou Om Sri Sai Ram – Esses mantras atrairão Sai Baba.
  6. Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna Krishna, Hare, Hare. Hare Rama, Hare Rama, Hama, Hama, Hare, Hare – Salve Krishna, Salve Krishna, Krishna, Krishna, Salve, Salve. Salve Rama, Salve Rama, Rama, Rama, Salve, Salve. Este é o cântico Hare Krishna. Ele é utilizado para dispersar a negatividade que encobre nossa verdadeira natureza.
  7. Om Namah Sivaya – Esse mantra invoca o Guru Supremo que é o Eu de todos. É o mantra de Baba Muktananda e de Swami Sivananda.
  8. Om Sri Dattatreya Namaha – Om, Honra ao nome Dattatreya. Dattatreya é a encarnação de Brahma, Vishnu e Shiva ocupando o mesmo corpo. Sai Baba disse  que ele, é a encarnação do Senhor Dattatreya.
  9. Om Shanti – Mantra da Paz.
  10. Om Tat Sat - Vós sois a Realidade Absoluta Inexprimível.
  11. Hari Om Tat Sat – Om, a Realidade Divina Absoluta.
  12. Hari Om – Este é um mantra de cura. Hari é um dos nomes de Vishnu, o aspecto de cura do Senhor Krishna.
  13. Om Sri Rama Jaya Rama Jaya Jaya Rama – Vitória do Eu Espiritual.
  14. Yesu Christu – Jesus Cristo, em hindi.
  15. Rama – Um dos nomes de Deus: Aquele que nos enche de alegria incessante.
  16. Krishna – Um dos nomes de Deus: Aquele que nos atrai a Si.
  17. Tat Twam Asi – Aquele e Este de Um.
  18. Hong Sau – Eu Sou Ele ou Eu Sou o Eu. Esse mantra é recitado seguindo o ritmo da respiração, como acontecem com os mantras So Ham e Ham Sa. Esse era o mantra de Paramahansa Yogananda.
  19. Lam – Primeiro Chakra
  20. Vam – Segundo Chakra
  21. Ram – Terceiro Chakra
  22. Yam – Quarto Chakra
  23. Ham – Quinto Chakra
  24. Om – Sexto Chakra
  25. Aum – Sétimo Chakra
  26. Sat Nam – Mantra dos Sikhs e do guru Nanak.
  27. Eck Ong Kar Sat Nam Siri Wha Guru – O Supremo é Um Seus Nomes são Muitos.
  28. Sivo Ham – Eu Sou Shiva.
  29. Aham Brahmasmi – Eu Sou Brahma ou Eu Sou Deus.
  30. Om Ram Ramaya Namaha – Senhor Ram, inclino-me diante de Vós.


MANTRAS ISLÂMICOS

  1. Allahu Akbar – Deus é Grande.
  2. Bismillah Al-Rahma, Al-Rahim – Em nome de Alá, o Compassivo, o Misericordioso.
  3. Ya-Rahman – Deus Magnânimo.
  4. Ya-Salaam – A Fonte da Paz.
  5. Ya-Mutakabir – Deus Magestoso.
  6. Ya-Gaffar – Deus Clemente.
  7. Ya-Ftahat – Deus, o que Abre.
  8. Ya-Hafiz – Deus Preservador.
  9. Ya-Sabur – Deus Paciente.


MANTRAS OCIDENTAIS

  1. Eu Sou Aquele que É
  2. Eu Sou Deus
  3. Eu Sou
  4. Eu quero
  5. Eu Amo
  6. Cala-te e Sabe que Eu Sou Deus
  7. Areeeooommm – Mantra da Mente Universal, de Edgar Cayce.


MANTRAS EGÍPCIOS

  1. Nuk-Pu-Nuk – Eu Sou Ele Eu Sou.
  2. Au-U Ur-Se-Ur Au-U – Eu Sou o Altíssimo, Filho do Altíssimo, Eu Sou.
  3. Ra – Deus Sol.
  4. Ra-Neter-Atef-Nefer – O Deus Divino Rá e Misericordioso.
  5. Nefer-Neter-Wed-Neh – O Deus Perfeito Concede a Vida.
  6. Osiris
  7. Ísis
  8. Erta-Na-Hekau-Apen-Ast – Pronuncia-se Err-Tai Tche-Kah-u Ou-pen Oust. Possa eu receber as palavras de poder de Ísis.
  9. Heru-Udjat – Olho de Hórus.


PALAVRAS MANTRAS

Paz, Alegria, Amor, Equilíbrio, Poder Pessoal, Perdão, Humildade, Serenidade, Felicidade, Compaixão, Serviço, Boa Vontade, Altruísmo, Bondade, Unidade.


MANTRAS DOS CHAKRAS DA FUNDAÇÃO TIBETANA

O – Primeiro Chakra
Shu – Segundo Chakra, pronuncia-se chuk
Ya – Terceiro Chakra
Wa – Quarto Chakra, pronuncia-se ión
He – Quinto Chakra
Hu – Sexto Chakra, pronuncia-se hiu
I – Sétimo Chakra


MANTRAS BUDISTAS

  1. Om Mani Padme Hum – A joia da compaixão no lótus do coração. Um dos mantras mais poderosos atualmente usados no mundo.
  2. Om Ah Hum – Vem a mim, Om.
  3. Padme Siddhi Hum – Vem a mim, Poder do Lotus.
  4. Buda
  5. Quan Yin, Avalokitesvara, Chenrazee


MANTRA DE DJWHAL KHUL

O mantra da alma tem o objetivo de ativar a ajuda de sua alma e do eu superior. É o mantra da Grande Fraternidade Branca, tendo um poder energético muito grande.

Eu Sou a Alma 
Eu Sou a Mônada
Eu Sou a Luz Divina
Eu Sou Amor
Eu Sou Vontade
Eu Sou Propósito Estabelecido


A GRANDE INVOCAÇÃO

Do ponto de Luz na mente de Deus,
Flua luz à mente dos homens.
Que a Luz desça sobre a Terra.

Do ponto de Amor no coração de Deus,
Flua Amor ao coração dos homens.
Que Cristo possa retornar à Terra.

Do centro onde a Vontade de Deus é conhecida,
Guie o propósito as pequenas vontades dos homens,
O propósito que os Mestres conhecem e a que servem.

Do centro que chamamos de raça dos homens,
Realize-se o Plano de Amor e Luz,
E possa ele selar a porta onde habita o mal.

Que a Luz, o Amor e o Poder restabeleçam o Plano sobre a Terra.


Djwhal Khul recebeu essa invocação do próprio Senhor Maitreya e a incluiu nos livros de Alice Bailey.