A jornada exterior da vida, guiadas pelas lâmpadas Sai do amor, verdade, dever e paz, encontra ajuda e inspiração em regulares expedições ao longo de uma jornada interior, feita através da oração e da meditação. Tanto a meditação quanto a oração são tentativas de comungar diretamente com Deus, ou com nosso Ser mais elevado, como quer que prefiramos considerá-lo. A oração sendo verbal, é mais fácil. E quando sincera, eleva a consciência acima do ego mundano, e é efetiva. A meditação transcendendo os obstáculos da mente, nos aproxima do Ser Divino, transformando nosso caráter e nossa vida. Tanto a oração quanto a meditação devem ser praticadas regularmente.
Para a meditação, Sai Baba deu regras gerais que qualquer um pode seguir. Ninguém errará em torná-las orientações básicas e, através da experiência e da experimentação, adaptá-las às suas próprias necessidades e natureza, pois a meditação é uma arte altamente individual. Os indivíduos que estiveram perto de Sai Baba o consideravam como um sadguru, e receberam instruções individuais dele, quando se fez necessário. Mas estas regras gerais são para a orientação e ajuda de todos. Sai Baba as enunciou e explicou de tempos em tempos para diferentes grupos e multidões, e todas as palavras escritas abaixo em aspas são palavras dele.
Sai Baba explicou que não podemos conhecer Deus sem antes conhecer a nós mesmos. Portanto, devemos cavar bem fundo até nosso próprio centro a fim de alcançar o centro de Deus em Sua grandeza, que é o objetivo da meditação. Devemos cavar através da consciência do ego, através do amontoado de sujeira e desejos egoístas, através das vielas da mente. Isto parece uma grande operação, e, na verdade, o é! Mas não é impossível, pois existe um conhecimento testado e experimentado com relação a isto. Tudo que precisamos é de vontade, paciência, determinação para dar uma justa chance a nós mesmos.
“Inicialmente, guarde alguns minutos para ela todos os dias, e depois vá estendendo o tempo na medida em que sentir a bênção que estiver recebendo”.
A postura para meditação deve ser confortável, estável e relaxada enquanto sentado em posição vertical, ou sobre uma esteira ou uma cadeira de encosto reto. Se você ficar de pé, você ficará cansado muito rápido; se deitar, provavelmente irá dormir. Mesmo assim, algumas pessoas meditam com sucesso de pé ou deitadas de bruços. Mas nenhuma das duas posições é aconselhada como uma regra geral.
Após ter se certificado primeiro de que o corpo está completamente relaxado em uma postura ereta, o próximo passo é retirar a atenção do campo dos sentidos, que geralmente mantém os pensamentos saltando de um lado para o outro como macacos em uma árvore. Fechando as pálpebras suavemente, você pode lidar com o sentido da visão. Mas alguns dos outros sentidos não são tão fáceis de serem bloqueados, como o próprio olho da mente, com seu contínuo curso de imagens.
Uma boa maneira de superar as distrações dos sentidos e da mente é recitar interiormente uma mantra (ou verso) sobre a glória de Deus. Ao concentrar-se inteiramente nisto (e em seu significado), nas profundezas da mente, você eleva sua consciência a um nível muito mais alto, e as distrações mundanas desaparecem.
Ao invés do mantra, um nome de Deus pode ser utilizado. Esta prática é chamada japam. Ao repetir o Nome, qualquer nome querido ao coração, desenhe diante do olho da mente a forma que ele representa. “Quando sua mente se afastar da figura leve-a ao Nome. Deixe-a ficar nesta ou naquela doçura. Caminhando desta forma, ela pode ser facilmente domesticada. A figura imaginária que você desenhou será transformada em uma Figura Emocional querida ao coração e será fixada na memória. Gradualmente ela se tornará uma visão verdadeira, visto que o Senhor assume a Forma a fim de atender seu desejo. Esta é a melhor forma de dhyana (meditação) para iniciantes”.
Sai Baba acrescentou, que caso não consiga se concentrar muito tempo de início, não se desencoraje. Para ele, era como aprender a andar de bicicleta. No começo encontramos grandes dificuldades em manter nosso equilíbrio, mas depois de praticar podemos vencer essas dificuldades facilmente, mesmo através de ruas de tráfego intenso. Então, da mesma forma, a prática irá possibilitar que possamos manter a concentração necessária para a meditação nas situações mais difíceis. E por longos períodos. Portanto, o segredo é manter uma prática regular.
Se os iniciantes acharem que a meditação no Nome e na Forma não combina com eles, existe um outro tipo que pode ser usado. Sai Baba a chamava de “a forma efetiva e universal” de meditação.
Após assumir a postura correta e relaxar o corpo, olhe firmemente para a chama de uma lamparina ou de uma vela à sua frente. A chama deve estar bastante calma. Compreenda-a como o símbolo da Luz Divina que brilha infinitamente. É a glória dourada de Deus que se irradia através de todos os átomos da criação. Ela é, portanto, um objetivo muito apropriado para meditação. Para começar, olhe por tanto tempo quanto puder, ou por tanto tempo quanto quiser, para a brilhante chama, concentrando-se em sua forma e seus profundos significados simbólicos. Depois, suavemente, feche os olhos e visualize a chama dentro de você, entre as sobrancelhas.
Então, “deixe a Luz ir até o lótus de seu coração, iluminando o caminho. Quando ela penetrar nele, imagine as pétalas do coração se abrindo uma a uma, banhando cada pensamento, sentimento ou emoção na Luz, e assim removendo toda a escuridão deles”. Agora, imagine essa Luz pura indo para todas as partes de seu corpo. No início isto será simplesmente um exercício de imaginação, mas com o tempo você verá a Luz real penetrando em cada célula de seu corpo, em cada esquina de sua mente. A Luz irá purificar e harmonizar todo o seu ser.
Mas não guarde a Luz para você. “Deixe-a expandir-se em círculos que se ampliam continuamente, envolvendo seus amados, amigos e companheiros, e também, seus inimigos e rivais, na verdade, todos os homens e mulheres onde quer que estejam, todos os seres vivos, o mundo inteiro”. Assim, você se tornará uno com a Luz Divina que tudo envolve.
Sai Baba também ensinou e recomendou a meditação que é uma combinação das duas já citadas. Ou seja, você combina a meditação no Deus-com-Forma com a meditação da Luz, ou Deus-sem-forma.
“Se você estiver adorando Deus em qualquer Forma, tente visualizar a Forma em uma Luz todo-penetrante. Pois Luz é Deus e Deus é Luz”. Após concentrar-se por tempo na forma amada no centro da luz tremulante, você pode deixar a Forma fundir-se na Luz, enquanto lembra que Deus não está confinado a uma forma, e é realmente melhor representado por uma luz clara e pura. Embora a forma desapareça, a luz será ela própria tingida com a Excelência Divina que era sentida na Forma: Amor, Alegria, Poder, Verdade e Paz. A Luz Divina não é impessoal.
Qualquer que seja o tipo de meditação usado, quando terminá-lo não levante subitamente. Você estava em um estado alterado de consciência, e é melhor retornar vagarosa, gradual e descansadamente. Então, abra suas pálpebras, levante lentamente e volte às suas tarefas normais.
Durante os seus afazeres, traga à memória, de tempos em tempos, a alegria e a nova consciência experimentada através da meditação. Esta alegria e consciência devem mudar sua atitude para com as pessoas e situações. “Meditação sem compaixão é uma negação da religião. Espiritualidade sem amor é um exercício de futilidade. Seus pensamentos, palavras e obras devem ser inspirados por puro e desinteressado amor”.
Em outras palavras, a meditação não é algo para ser executado durante meia hora mais ou menos e depois esquecida. Ela é algo que deveria impregnar sua vida diária, trazendo um constante senso de unidade e de amor por toda a vida e governando suas ações de acordo com isso. Embora você não possa passar todo o seu tempo na jornada interior, deixe que a vida interior ilumine e dirija a vida exterior.
Aliás, Sai Baba frequentemente ressaltava que esta técnica que chamamos de meditação não é a mesma usada para a concentração. É importante lembrar isso qualquer que seja a técnica escolhida. Concentração é o exercício preliminar à meditação. Contudo, quando você entra na meditação em si, você fica em um estado de consciência relaxado, mas alerta. Alguns adequadamente compararam isso com o sentar em um quarto silencioso sozinho. Você não está esperando que nada aconteça, mas você está alerta caso aconteça algo. Se alguém entrar no quarto imaginado poderá ser através de qualquer uma das várias portas. Portanto, você não se concentra em nenhuma entrada; você simplesmente espera em total quietude.
Quando, durante esta quietude mental, você se esquece de que está meditando, é então quando você realmente começa a meditar. Ter expectativas, tentar causar algum resultado, frustrará o resultado. As experiências elevadas, supra-sensuais ou espirituais são sempre algo “dado”. Podemos apenas nos preparar para recebê-las.
Com o tempo e a prática, a meditação irá se fundir em samadhi, que é sua culminância e meta. “Samadhi é o oceano para o qual toda sadhana (práticas espirituais) corre. Qualquer traço de Nome ou Forma desaparece neste oceano... Existe apenas o Ser, nada além, isto é samadhi. Se houver algo a mais, então não é samadhi”.
A totalidade da vida do buscador deve ser empregada em uma campanha de aproximação a Deus. Nesta campanha, um período regular de meditação, usando técnicas testadas para derrubar as barreiras entre nós e Ele, é uma grande ajuda. Sessões de meditação não são algo separado, e sim pontos altos da vida espiritual.
Diferentes grupos religiosos, filosóficos e espirituais transmitem diferentes técnicas de meditação, e o próprio Sai Baba ensinou outros métodos para estudantes mais avançados. Mas eles são todos construídos com base nos mesmos princípios básicos de Raja Yoga para alcançar samadhi. Todos eles impõem postura correta, controle do corpo, dos sentidos, da mente e firme concentração da atenção, levando aos estados de além-pensamento da meditação e samadhi.
O método de meditação de Sai Baba é devocional, elevando o coração e a consciência através da inspiração do amor. Suas técnicas são, portanto, muito adequadas para todos os que estão no caminho de bhakti, e particularmente para aqueles que estão no Caminho Sai, que coloca bhakti, ou devoção, em primeiro lugar.
Não são apenas todos os métodos de meditação que são iguais em propósito e em princípios básicos; o mesmo pode ser dito de todas as religiões. Religião, pela derivação de seu nome (re, volta e legare, ligar), visa tornar a ligar o homem a Deus. Quaisquer que sejam suas práticas externas, rituais e credos, o propósito interior de toda religião, como sua filha a meditação, é nos levar de volta a Deus e nos unir novamente com a Fonte Divina.
Sai Baba constantemente ensinava esta grande unidade interior de todas as religiões. “Existe apenas uma religião”, dizia ele, “a religião do coração, a religião do Amor”. Ele diz que Deus é como o ourives comprando imagens religiosas e estatuetas. Qualquer que seja a figura, Krishna, Cristo, Shiva, Buda, ou outro, o ourives paga apenas pelo preço do ouro em cada uma. O ourives não liga nem um pouco para as figuras religiosas em si. Do mesmo modo, “Deus pesa o que está em nossos corações, não importa se seguimos esta ou aquela Forma, este ou aquele professor, esta ou aquela fé. É a qualidade de nossos corações que importa”.
Se a “religião do coração” de Sai Baba situa-se na base de todas as religiões, os ensinamentos fundamentais destas religiões devem ser iguais aos ensinamentos de Sai e iguais uns aos outros. Quaisquer que sejam as diferenças que existam, elas devem ser superficiais e sem importância em relação à questão principal.