Prema é o Amor Divino, o amor que por natureza dá continuamente sem pedir nada em troca. Este é o amor que Deus tem por todas as criaturas. Cada um de nós pode desenvolver este amor, pois o possuímos inerentemente como parte de nossa natureza divina interior. Mas a passagem tem que ser aberta para que este amor, preso no coração espiritual, possa se exteriorizar.
Vinda da nascente do coração, a corrente de amor corre em direção ao grande oceano que é Deus, porque Deus está dentro de todas as pessoas, o amor divino do coração individual corre em direção a tudo. Sai Baba dizia que ele tem “a qualidade da empatia, empatia que nos faz felizes quando os outros estão felizes, e miseráveis quando os outros estão tristes”. Ele se apresenta como “uma série de pequenos atos, direcionados pela atitude de reverência pela divindade de todos os seres”.
O próprio Sai Baba, sendo o grande corpo do amor, abriu a passagem para liberar a nascente no coração espiritual. Existia uma aura de amor tão poderosa em torno dele que, como uma chama, queimava os entulhos que estavam bloqueando a corrente de amor de sua verdadeira natureza. Então a maravilhosa corrente começa a deslizar, em direção a Deus e em direção a toda a vida.
Ela pode ser de novo bloqueada por pesados sedimentos de egoísmo, egotismo, pensamentos errados e toda a lama que vem das terras pantanosas do desejo. Baba deu muitas instruções sobre como viver neste mundo mantendo a pura corrente de Prema fluindo. Aqui estão algumas delas:
“Considere sempre as falhas alheias, mesmo que grandes, como insignificantes e ínfimas, e considere suas próprias falhas, mesmo que insignificantes e ínfimas, como grandes, e sinta-se arrependido”.
“Perceba que o uno e único Deus reside no coração de todas as criaturas e tente amar a todos. Tente compreender a paternidade de Deus e a fraternidade de todas as criaturas. Perceba que Deus é puro amor, que Ele é Prema-Swarupa, a personificação do amor”.
Devíamos colocar em prática esta fraternidade em relação a todas as criaturas, Sai Baba dizia, lembrando todos os dias de “começar o dia com amor, preencher o dia com amor, e terminar o dia com amor. Este é o caminho que leva a Deus, pois Deus é Amor”.
Que diferença fará aos nossos dias lembrarmos desta máxima a cada manhã quando acordarmos, e voltarmos a ela de tempos em tempos enquanto os eventos do dia acontecem!
Mas por que então estamos equipados com faculdades críticas se devemos nos abster de criticar e julgar as outras pessoas? Sai Baba ensinou que é melhor criticar as ações da pessoa do que a pessoa em si. De fato, devemos nos vigiar atenciosamente para não julgar os outros e falar sobre seus erros e fraquezas.
Por uma razão não podemos ver as profundezas do coração de nosso irmão. Para ilustrar isso, Sai Baba contava a história de um casal que atravessava uma floresta para ir a um lugar de peregrinação. O marido, que estava andando na frente, viu um diamante resplandecendo na areia em seu caminho. Rapidamente ele chutou alguma terra sobre a pedra para que a mulher não a visse. Ele teve medo de que ela quisesse apanhá-la e se tornasse escrava do brilho superficial, que era como ele via o diamante. Mas a esposa vira a joia e o gesto. Repreendeu seu marido por ele fazer em sua mente alguma distinção entre o diamante e a areia. Para ela, eles eram a mesma coisa. O marido certamente falhara em ver dentro do coração de sua esposa.
Quando nossa percepção espiritual estiver suficientemente desenvolvida para enxergar as profundezas da alma humana, nosso sentimento de união com tudo será tal, que quaisquer críticas que possamos fazer serão amortecidas por uma amável compreensão e amor. O próprio Sai Baba explicava isto. Tudo mais são egos latindo inutilmente para outros cães igualmente barulhentos.
Ao movermo-nos ao longo do caminho pela linha mestra de Prema, nosso apego as coisas mundanas irão, lentamente, se dissolvendo. Ao mesmo tempo nosso apego a Deus irá se fortalecer, até que nos tornemos sempre conscientes de Sua presença. Também começamos a compreender a lei oculta que diz que, por buscarmos o reino de Deus, todas as coisas das quais precisamos vêm a nós.
Sai Baba colocou isto de forma simples: “Se tivermos fé completa, e nos entregarmos inteiramente a Deus, então, assim como o gato toma conta de seus filhotes, Deus olhará pelo nosso bem-estar, não importa onde estivermos”.
Mas mesmo quando vemos que a coisa certa é unir nossa vontade à Vontade Divina, que é o significado de 'entrega', como aprendemos a conhecer a vontade de Deus? Como podemos adivinhá-la em todas as situações?
O obstáculo que nos impede de ver a vontade de Deus é o nosso próprio egotismo. Baba dizia que isso é algo “que tem sido inerente ao homem por eras, lançando seus tentáculos mais e mais profundamente com a experiência de cada vida”. Devoção a Deus, dizia ele, é a água com a qual podemos lavar essa sujeira dos tempos. Contudo, devemos acrescentar a essa água de devoção os detergentes gêmeos do discernimento e do não-apego, discernimento entre o falso e o verdadeiro, e a quebra do nosso apego ao falso. O sabão da Sadhana, práticas espirituais, também deve ser usado para lavar os resíduos de egotismo.
O ego, o falso “Eu”, sofre uma vagarosa e dolorida morte na cruz de Sadhana. Mas irá morrer, e depois vem a ressurreição do “Eu” real.
No Caminho Sai, a linha mestra de Prema é a mais importante. Ela leva a crescente devoção a Deus, e é sustentada pela benção que vem da devoção. Os buscadores ajudam uns aos outros ao se juntarem para cantar e falar sobre as glórias de Deus, ou para louvá-Lo à sua maneira. Eles devem evitar controvérsia, pois esta leva ao egotismo e ao amor da conquista. Como existe lugar para uma diversidade de opiniões (pareceres, pontos de vista), a polêmica nunca leva a uma conclusão final. Em vez de perder tempo em debates, o buscador deveria usar cada minuto promovendo devoção a Deus.
“Amor Supremo e sabedoria são um só”, disse o grande sábio Narada. “Cante então as glórias do Senhor e que ele possa residir no coração de todos... trazendo-nos paz eterna”.
Mas embora o ponto mais alto do amor seja a sabedoria, os buscadores no caminho devocional podem se tornar muito emocionais até que este nível seja alcançado. Então, Sai Baba ressaltava, a devoção pode explodir como a lanugem do cardo. Deve haver uma âncora de crescente conhecimento ou então a devoção será perdida no vácuo.
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