Esta é a límpida paz interior que continua inabalada, com a benção ou o brilho Divino, sejam quais forem os altos e baixos, a “escuridão ou o brilho” das circunstâncias pessoais e dos afazeres deste mundo.
Sai Baba dizia: “Essa shanti é a natureza interior”. Então adquirir Paz não é uma questão de obter algo externo, mas de descobrir algo que já se encontra lá. Toda Sadhana ajuda no processo da descoberta. Um importante exercício na disciplina espiritual é a prática do discernimento. Deve-se discernir conscientemente entre o falso e o verdadeiro, o temporário e o eterno, o sem importância e o de importância vital. Tendo em ordem essas prioridades, deve-se priorizar as mais importantes, verdadeiras e eternas realidades.
Para a nossa diária e ordinária consciência, as coisas que desejamos parecem naturalmente as mais importantes. Mas se usarmos o discernimento, como ressaltado acima, e ao mesmo tempo indagarmos profundamente aos nossos corações e mentes, iremos descobrir que os nossos desejos mundanos são inimigos da paz. Eles são nuvens escurecendo os céus límpidos daquela paz que ultrapassa a compreensão.
A constante batalha para obter os objetos desejados traz medo, frustração, depressão, raiva e ódio. A competição com os outros nesta batalha também traz inveja, ciúme e outras emoções negativas. Não pode haver paz verdadeira enquanto a mente for o playground para tais emoções.
O que podemos fazer então? O desejo é uma parte essencial de nossa natureza animal. Através de eras de evolução, a vida animal fez uso dele e das respostas emocionais que ele desperta, para que o indivíduo e a espécie pudessem sobreviver. Isto é a parte do equipamento de sobrevivência da vida.
Desejos instintivos surgem na nossa mente como em outros animais. As emoções, exatamente como os desejos, também são sentidas na mente, mas encontram expressão no corpo. Através da constante ação de fortes emoções negativas, tais como ódio, medo, raiva e todo o resto, o corpo sofre uma desarmonia e se torna enfermo. Emoções descontroladas são tão inimigas da saúde tanto quanto da paz.
De acordo com a antiga psicologia hindu, existe um corpo-desejo chamado kamarupa, que está ligado ao corpo físico. Ele nos foi dado pelo Criador para nos servir durante nossas vidas na terra. Ele era destinado para ser um servidor, mas para a maioria dos seres humanos ele se tornou um mestre. Trazendo-nos excitação e todos os fortes prazeres de deleite sensual, o Kamapura escraviza nossas mentes e corpos. Ele vive nossas vidas por nós.
Quando tivermos nos lembrado de nosso Lar Espiritual e, como o filho pródigo, lançarmos nossos pés no Caminho que leva até ele, teremos que chegar a um acordo com o Kamarupa. É claro que ainda teremos certos desejos e necessidades instintivos, tais como desejo por comida, abrigo, boa saúde, mas aquela bagagem de desejos supérfluos e prejudiciais deve ser trocada. Sai Baba dizia que é como trocar o peso de muitas moedas por uma leve nota bancária. A cédula é o desejo de alcançar a eterna Shanti Divina, a “Terra Prometida” da Paz. Esta “troca de moeda” não é um processo imediato; acontece gradualmente ao seguirmos as linhas mestras, ou luzes guias, de Prema, Satya, Dharma e Shanti.
Embora Shanti seja um resultado das outras três, podemos nos empenhar para adquiri-la diretamente, visando manter o equilíbrio da mente em todas as situações e cortando progressivamente as cordas que nos prendem às coisas mundanas. Possessividade, paralelamente ao apego, é a causa de muitos medos, preocupações, ciúmes e demais inimigos da Paz.
Portanto, devemos tentar compreender que nessa vida nós não possuímos nada. Guardamos nossas assim chamadas posses como depositários de Deus, e certamente chegará o momento em que Ele as levará embora, ou através da morte ou por alguma outra circunstância. Como bons administradores, é claro que nós devemos tomar conta de tudo o que Ele colocou em nosso encargo (sob nossa responsabilidade), mas devemos ter sempre em mente que nada deste mundo é realmente nosso. “Uma vez que você tenha adquirido esta atitude de impassividade e de não-apego”, dizia Sai Baba, “você terá inabalável Shanti, autocontrole e pureza de mente.”
Desde o início, as quatro linhas mestras devem ser usadas como faróis. Elas estão todas constantemente presentes, brilhantes faróis para nos manter o curso. Todavia, existe uma luz que é mais importante do que as outras. Ela brilha mais forte que todas na noite escura para nos manter a salvo no nosso caminho de Sai. Esta é Prema.
Sai Baba dizia: “O combustível de Prema produz a chama divina de Shanti. Prema traz a unidade de toda a humanidade, e essa unidade, combinada com o conhecimento espiritual, trará a paz mundial”.
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